Estratégias para o alívio da dor durante a vacinação

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MEDO DA AGULHA OU DA DOR

O medo da agulha ou da dor proveniente da aplicação é um dos principais motivos para que a vacinação seja evitada ou postergada.1

Mayra Moura (COREN-SP: 226.888), enfermeira, doutoranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e mestre em Tecnologia de Imunobiológicos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) explica que é muito comum que os termos “agulha”, “injeção” e “vacina” sejam utilizados de forma pejorativa e como ameaça de punição para as crianças que não obedecem aos pais. “Isso é muito prejudicial e errôneo, pois incute na criança a impressão de punição ou consequência negativa, já que está sendo ameaçada com tais recursos”.1

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SEGURANÇA DOS PAIS

Outro aspecto importante destacado por Mayra é a relação que a pessoa que leva a criança para tomar a vacina tem com agulhas. “Se ela tem medo, isso acaba sendo transmitido, pois sua ansiedade será nítida”. A criança percebe isso e se sente ainda mais insegura. “Por isso que é tão importante trabalhar com as famílias, desconstruir esses preconceitos e não usar a injeção e a vacinação como ameaças em outros cenários. É preciso ensinar que elas são aliadas importantes para o bem-estar e que fazem parte natural do dia a dia”, ensina ela.

Ao invés de dizer que dói, Mayra recomenda que se mude o discurso, ressaltando tudo o que a vacina previne e possibilita para a criança. “É melhor vacinar o filho do que correr o risco de uma internação, sequelas e até o óbito por doenças totalmente imunopreveníveis. A vacinação precisa ser normalizada”, destaca.

GERENCIAMENTO DA DOR

A administração de vacinas injetáveis é a causa mais comum de dor iatrogênica na infância e uma grande fonte de angústia para crianças. Porém, a dor é uma percepção que pode, muitas vezes, ser esquecida pela população infantil, principalmente em relação às vacinas.2

Para que isso ocorra, existem algumas estratégias. De acordo com Mayra, a técnica mais antiga, com registros milenares, é a distração, que funciona para qualquer faixa etária.2

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Os profissionais de saúde podem usar diversos recursos, como:

  • Bolhas de sabão.
  • Brinquedos com luz e som.
  • Objetos com estímulo tátil.
  • Brinquedos que possuem vibração no local de aplicação.

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Essas abordagens costumam ser úteis para as crianças mais novas. Já para os mais velhos indica-se a distração por meio de canções, brincadeiras, como os joguinhos de cartas, óculos 3D etc.2

Alguns trabalhos apontam também que os adolescentes preferem ouvir música em um fone de ouvido ou conversar sobre os interesses deles. Tudo isso reduz o estresse do momento e tira o foco da vacinação, comenta a enfermeira.3,4

O manejo da dor é a somatória de diversas estratégias. Depois da distração, a principal técnica é a forma de aplicação da injeção.2

Em relação à forma de aplicação, diversos fatores devem ser observados, como:2

  • O local anatômico de administração.
  • O tipo de agulha escolhida.
  • O tamanho da agulha.
  • O posicionamento da agulha e do bisel (furo na ponta da agulha).
  • A técnica utilizada para evitar que uma vacina reflua e as reações locais.

POSICIONAMENTO DA CRIANÇA

Os profissionais de saúde devem se atentar também para o posicionamento, especialmente em bebês e crianças, pois “a região anatômica a ser vacinada precisa estar relaxada e bem posicionada, de forma que se aplique a vacina sem o risco de movimentos bruscos que possam interferir, inclusive, entortando ou quebrando a agulha”, diz Mayra.2

Alguns estudos canadenses, que são referência no manejo de dor associada à administração de vacinas, afirmam que a posição deitada é a que causa mais dor. Portanto, idealmente, o paciente deve estar sentado.5

Para crianças com idade inferior a 12 meses, estar no colo da mãe é muito importante, “no entanto, a mãe tem que compreender seu papel naquele momento, que é oferecer segurança e tranquilidade ao filho”, lembra Mayra.3,5

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AMAMENTAÇÃO

“A amamentação é uma intervenção não farmacológica comprovadamente eficaz na prevençã o da dor de crianças vacinadas, especialmente durante os primeiros 6 meses”, afirma Mayra. Trata-se de uma intervenção sensorial e cognitiva-comportamental de redução na dor.2,5

O leite materno contém endorfina, substância química capaz de promover analgesia, que faz o bebê se sentir mais seguro e calmo. Além disso, amamentar é uma estratégia natural, fácil de colocar em prática e sem custos.2,5

USO DE ANESTÉSICO TÓPICO

Existem trabalhos que versam sobre esse tema. Em uma revisão sistemática, dos 7 estudos que compararam o uso de anestésicos tópicos versus placebo, 6 mostraram que esses medicamentos foram eficazes na redução da dor.6

Mayra conta que as diretrizes canadenses sobre alívio da dor durante a vacinação infantil apoiam e recomendam o uso da analgesia prévia. “O único inconveniente é que ela deve ser aplicada cerca de 45 minutos antes para se obter o efeito esperado. E precisamos lembrar que o anestésico não será de grande valor se o profissional não utilizar a técnica correta de aplicação”, ressalta.3,5

REFERÊNCIAS

  1. Fontes VS, Ribeiro CJ, Dantas RA et al. Pain relief strategies during immunization. Br J Pain. 2018;1(3):270-3.
  2. Galvão DM, Pedroso RM, Ramalho SI. Non-pharmacological pain relief interventions in use in vaccination of non-pharmacological infants pain relief interventions used in infant vaccination. INFAD. 2015;1(1):89-98.
  3. Kristjánsdóttir Ó, Kristjánsdóttir G. Randomized clinical trial of musical distraction with and without headphones for adolescents’ immunization pain. Scand J Caring Sci. 2011;25(1):19-26.
  4. BC Centre for Disease Control. Communicable disease control manual. Appendix D: reducing immunization injection pain. Disponível em: http://www.bccdc.ca/health-professionals/clinical-resources/communicable-disease-control-manual/immunization. Acessado em 14 de junho de 2022.
  5. Taddio A, Appleton M, Bortolussi R et al. Reducing the pain of childhood vaccination: an evidence-based clinical practice guideline. CMAJ. 2010;182(18):E843-55.
  6. Shah V, Taddio A, Rieder MJ et al. Effectiveness and tolerability of harmacologic and combined interventions for reducing injection pain during routine childhood immunizations: systematic review and meta-analyses. Clin Ther. 2009;31(Suppl2):S104-47.

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