Curiosidades históricas sobre as vacinas
Mais de 300 anos se passaram desde que a primeira vacina foi descoberta. A partir de então, iniciou-se um dos capítulos mais ilustres da história da ciência e que teve um impacto importantíssimo sobre a longevidade e a saúde da humanidade1
Embora não seja possível resumir de maneira justa, incluindo todos os feitos significativos deste período em um único texto, Stanley Plotkin buscou sumarizar algumas das principais curiosidades relacionadas às vacinas, imunologia e biologia molecular.1 Selecionamos alguns destaques do texto.

ATENUAÇÃO VIRAL
Foram Pasteur e sua equipe que postularam a ideia sobre a atenuação viral e demonstraram a sua utilidade, primeiramente com a bactéria Pasteurella multocida, em seguida com o antraz e com o vírus da raiva.1
As primeiras abordagens propostas por eles envolviam a exposição do patógeno ao oxigênio ou ao calor.1
No entanto, a técnica mais potente de cultivo em série de um patógeno in vitro ou em hospedeiros foi proposta por Calmette e Guérin, que passaram a bactéria da tuberculose bovina 230 vezes por meio artificial para obter uma cepa atenuada para proteger contra a tuberculose humana.1

Anos depois, já no fim do século XX, o vírus da febre amarela foi atenuado por meio de diversas passagens por tecidos embrionários de camundongos e galinhas, respectivamente.1

CULTURA CELULAR
As vacinas orais contra a poliomielite, sarampo, rubéola, caxumba e varicela se tornaram realidade em virtude da seleção de clones por meio da cultura de células in vitro.1
Basicamente, a passagem através de cultura celular desses vírus conduziu à adaptação e ao crescimento nesse meio, e os mutantes mais capazes de se desenvolver muitas vezes perderam ou modificaram os genes capazes de infectar um hospedeiro humano e espalhar-se nele.1
A vacina monovalente contra o rotavírus é outro exemplo de imunizante atenuado por passagem em cultura celular (células do tipo Vero).1


REARRANJO
O rearranjo tornou possível o desenvolvimento de outras vacinas importantes:1
- Influenza, com vírus vivos e inativados.
- Uma das vacinas contra o rotavírus.
INATIVAÇÃO
No fim do século XIX, descobriu-se que a imunogenicidade poderia ser mantida se as bactérias fossem mortas com o auxílio do calor ou do tratamento químico.1
Em seguida, no século XX, a inativação química passou a ser utilizada em vírus.1


A vacina contra a influenza foi o primeiro imunizante bem-sucedido produzido com vírus inativado.1
Essa experiência serviu como base para o desenvolvimento da vacina inativada contra a poliomielite e, posteriormente, da vacina contra a hepatite A.1


POLISSACARÍDEOS CAPSULARES
Todas as vacinas elaboradas com polissacarídeos capsulares geraram anticorpos séricos que preveniam a bacteremia e, portanto, as doenças de órgãos-alvo em adultos.1
No entanto, elas não foram imunogênicas em bebês, que são incapazes de produzir uma resposta de células B ao polissacarídeo.1
Quando os polissacarídeos foram acoplados às proteínas, permitindo que as células T auxiliassem as células B, esse problema foi resolvido.1
VACINAS PROTEICAS
Várias vacinas são compostas por proteínas parcialmente ou totalmente purificadas.1
A maioria das vacinas inativadas contra a gripe disponíveis atualmente é gerada a partir do crescimento dos vírus em ovos embrionados.1
Em seguida, o vírus é rompido com o auxílio de detergentes. A proteína da hemaglutinina viral é então purificada, atuando como antígeno da vacina.1


ENGENHARIA GENÉTICA
A revolução da engenharia genética acarretou um enorme impacto sobre o desenvolvimento das vacinas, a exemplo da vacina contra a hepatite B.1
Outro exemplo foi o desenvolvimento da vacina contra o papilomavírus humano (HPV), que só se tornou possível graças às propriedades da proteína L1 do vírus, que induz à formação de anticorpos de proteção.1
Contudo, o que a torna especialmente imunogênica é que ela se agrega para formar partículas semelhantes ao vírus (VLPs, do inglês virus-like particles), que são bem mais imunogênicas do que a proteína solúvel.1
VACINAS CONTRA A SARS-COV-2 REPRESENTAM O TRIUNFO DA CIÊNCIA E DO ESFORÇO GLOBAL DOS PESQUISADORES
Cerca de um ano após a identificação do primeiro caso de coronavirus disease 2019 (covid-19) e menos de 12 meses após o sequenciamento do vírus SARS-CoV-2, várias vacinas tiveram sua segurança e eficácia demonstradas em ensaios clínicos de fase III (Figura 1).2

As mais promissoras têm como alvo a glicoproteína de superfície (proteína S) da SARS-CoV-2 e alcançaram uma redução aproximada de 85% a 95% no risco da covid-19 sintomática. As tecnologias de mRNA, vetor viral não replicante e de vacina de subunidade proteica foram empregadas com sucesso nesse processo que também se tornou uma das partes importantes da história da imunização mundial.2
REFERÊNCIAS
- Plotkin S. History of vaccination. Proc Natl Acad Sci U S A. 2014;111(34):12283-7.
- Golob JL, Lugogo N, Lauring AS, Lok AS. SARS-CoV-2 vaccines: a triumph of science and collaboration. JCI Insight. 2021;6(9):e149187.
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